E agora que já captamos com êxito a sua total atenção, falemos do porquê você não convidar mais vezes a sua sogra para jantar. Descanse... relaxe... não somos assim tão sádicos, nem tão desonestos, ao ponto de lhe pregar semelhante partida. Mas embora não pretendamos ludibriar a nossa audiência, nem fugir a um desenvolvimento sério do assunto referido em epígrafe, não implica porém que o tema de hoje não vá ser polémico e, mesmo, para algumas pessoas, escandalosamente inconveniente. A prática do sexo anal está considerada como sendo, provavelmente, o maior tabu de sempre na história do sexo e da sexualidade. É considerado por muitos como sendo um ato condenável por ser tão perversamente ’contra natura’. O que não deixa de ser curioso, pois registos desta prática entre a espécie humana remonta às suas origens. Registe-se também que a sua popularidade como ato sexual habitual - e normal - tem vindo a aumentar, de século para século. Atualmente milhões de homens e mulheres pelo mundo fora, independentemente da sua orientação sexual, participam regular, ativa e saudavelmente nesta prática. Por motivos óbvios, não pretendemos entrar aqui em discussão sobre o aspeto social ou moral da questão. Limitando-nos a respeitar religiosamente o critério de cada um, o objetivo é focar alguns dos pontos formativos e informativos desta prática. Algumas das coordenadas aqui apresentadas podem ser novidade para si e, assim sendo, ficamos na expectativa de oferecer motivo de maior interesse e utilidade. O primeiríssimo pormenor que devemos abordar é a desmistificação de alguns pensamentos sobre o sexo anal: .          • não é obrigatoriamente doloroso .          • não é uma tendência de homossexualidade .          • e, muito menos, tão pecaminoso que, .             tal como a lenda medieval da masturbação, .             pode provocar cegueira naqueles que o praticam regularmente. A crença que a estimulação sexual do ânus, especialmente quando envolvendo penetração, é obrigatoriamente doloroso, não passa de um mito corriqueiro, falso e incorreto. O ânus tem uma altíssima concentração de pontas e fibras nervosas. A simples colocação da ponta de um dedo neste local do corpo é suficiente para fazer imediatamente disparar uma reação tipo espasmo muscular. Quando algo é inserido através desta abertura (um dedo, o pénis ou um objeto qualquer), as sensações são incrivelmente fortes visto tratar-se de uma parte do corpo humano com enorme e delicada sensibilidade. Tal como acontece na vagina, a parte externa do reto anal está coberto de fibra nervosa, enquanto a parte interna reage principalmente a pressão. A sensação de dor em qualquer parte do corpo normalmente indica que algo de errado se passa. A zona anal não foge a essa regra geral. E sendo uma zona tão abundantemente coberta por fibra nervosa, as dores nesta região do corpo, quando mal tratado, pode ser verdadeiramente de agonia extrema. Mas, por outro lado, a verdade é que também pode ser uma fonte de enorme prazer. Ao introduzirmos algo no ânus, os músculos anais entram imediatamente em espasmos, como se a combater um invasor indesejado. Se não esperar até estes músculos descontraírem e entrem de novo em relaxamento, irá certamente provocar dor e magoar. O segredo aqui reside em saber aplicar a pressão certa com a insistência adequada. Isto pode variar de pessoa para pessoa, mas uma vez conseguido, a resistência natural do ânus contra a penetração enfraquece gradualmente e a sensação de dor desaparece. O importante é não forçar de forma brusca, evitando sempre situações de desconforto e, principalmente, dolorosas. Paciência e dedicação são virtudes cruciais para dominar esta arte e, acima de tudo, é fundamental todas as ações ser de comum e livre acordo entre os parceiros. O desconforto frequentemente sentido durante a prática de sexo anal é geralmente provocado por tensão anal crónica. Esta tensão, por sua vez, deve-se habitualmente a um dos seguintes fatores: .          • doença (por exemplo, hemorroides) .          • 'stress’ provocado por preconceito e/ou medo. Daí a importância dos parceiros estarem sempre em total sintonia com os gostos, desejos e fantasias sexuais um do outro. Aprender a dar e a extrair prazer é indubitavelmente a sublime lição entre parceiros sexuais. Explorar saudavelmente este universo de sexo e sexualidade acaba assim por ser sempre a chave mestra. Um excelente momento para o casal explorar as reações de contração e abertura do ânus é durante o duche, utilizando essencialmente os dedos. Respirar pausada e profundamente também afeta e facilita a libertação dos músculos anais. Retesando e libertando repetidamente a tensão anal é uma outra forma de aprender a lidar com o seu relaxamento controlado. Se introduzir um dedo cerca de 1 cm no seu ânus, pressionando com a ponta as paredes laterais do reto, vai poder sentir os dois esfíncteres (i.e.: músculos anelares que servem para abrir e fechar este orifício), separados por menos de meio centímetro um do outro. O esfíncter externo é controlado pelo sistema nervoso central (tal como os músculos das mãos, por exemplo). Você pode contrair e descontrair este esfíncter com facilidade, sempre que desejar. O esfíncter interior, porém, é bastante diferente. Este músculo é controlado pela parte autónoma (ou involuntária) do sistema nervoso (a parte que controla o batimento do coração, por exemplo). Para controlar a ação & reação deste músculo vai exigir muito treino, mental e físico, da sua parte. Mas como quem “corre” por gosto não cansa... E pensando bem - a parte do treino até que pode também ser um exercício bem gostoso. Na próxima crónica vamos subordinar a conversa às «12 Regras Douradas». Sim, sim - REGRAS. Porque para o sexo anal não há conselhos – há regras ! Até lá, agradecemos a sua companhia. Desejamos-lhe uma vida intensa. Mas mais importante ainda  –  viva bem e seja feliz.                  Saudavelmente, .                               de Corpo & Alma