Aceite aquele nosso forte abraço, «de Corpo e Alma», com muito sol e calor. O tema que escolhemos para esta semana não é muito fácil de abordar. A dificuldade deriva de um motivo único – o perigo de ferir ‘sensibilidades masculinas’. De resto, até é um tema simples e de fácil compreensão.                                                                            Vamos lá então tentar. Enquanto a maioria das pessoas já aceita, de forma razoavelmente confortável, que uma senhora tenha uma panóplia de brinquedos eróticos, quando se trata de um homem a história muda logo de figura. Radicalmente. Quer seja masturbadores clássicos, bombas de vácuo, plug anais, anéis penianos ou massajadores prostáticos, ainda persiste um profundo e acentuado desconforto em torno da utilização dos “sex toys masculinos”. E, curiosamente (ou talvez não), esse desconforto é maioritariamente dos homens para com eles próprios. Porque será? Será porque os “sex toys masculinos” conferem pouco prazer ao utilizador? Ou talvez porque são efeminados e por isso pouco masculinos? Poderá ser devido aos homens considerarem que a utilização de “sex toys” é um sinal de ‘fraqueza sexual’? Ou será porque provavelmente pensam que o “sex toy masculino” é um nítido sinal de homossexualidade? Talvez seja, de facto, por um dos motivos acima referenciado, ou talvez até uma mistura de todos. Mais à esquerda ou mais à direita, uma coisa é certa, parece refletir uma enorme falta de ‘segurança e confiança’ da masculinidade de um homem. Vários estudos recentes demonstram que as mulheres estão muito mais libertas e sexualmente emancipadas e evoluídas do que os homens. Isto está em linha com o facto de que o segmento feminino, em contraste com o masculino, exibe uma maior apetência e desinibição para o uso de um “sex toy”, sozinha ou acompanhada. Num estudo levado a efeito pelo «The Gaurdian», foi concluído que 66% dos homossexuais tem grande apetência para o uso de um “sex toy”, enquanto os heterossexuais ficaram por 44%. Esta discrepância prova qua a maioria dos homens heterossexuais ainda não se sentem confortáveis nesta área (ou, pelo menos, negam-no por vergonha). Uma outra opinião que circula para explicar este fenómeno, bem diferente das anteriores, baseia-se numa questão social bem mais profunda e problemática: trata-se apenas de um sintoma misógino, onde a doutrina convencionada para o segmento masculino é a ideia de que a utilização de um “sex toy” é ‘castrante’ e em nada ‘másculo’; a sociedade patriarcal também cria, à sua maneira, esse estigma social, condicionando assim, propositadamente, o sentimento emocional masculino – ‘homem que é homem não recorre a essas situações antinaturais, pois só a mulher existe para satisfazer as suas necessidades… posição missionária chega e basta…’. Não partilhamos desta opinião. Consideramos o tabu envolvendo o "sex toy" masculino fruto de um estigma social, isso sim, mas associado ao receio de ser interpretado como sendo uma inclinação “gay”. .                   Tão simples (e complicado) como isso! E aqui é obrigatório fazermos uma “mea-culpa” – uma grande parte da responsabilidade desta falácia social (sem má fé, estamos convencidos) cabe às próprias empresas comerciais de artigos eróticos («de Corpo & Alma» incluída). O segmento gay é por excelência uma classe de cliente de enorme importância para o negócio - na sua grande maioria, é um cliente de atitude discreta e elegante, compra sobretudo qualidade, e compra com regularidade. Como tal, comercialmente direcionamos uma grande parte dos produtos eróticos masculinos especificamente para esse segmento (publicidade, apresentação em prateleira, até as próprias embalagens, etc.). Resultado disto - o segmento heterossexual sente-se muito intimidado com esta situação, temendo que se usar um ‘desses’ artigos pode ‘colocar em causa a sua masculinidade’. Mas estes ‘sinais de machismo’ são transversal ao quotidiano mundano. Um exemplo simples: filmes sensuais e eróticos (não necessariamente pornográficos) no cinema e na TV mostram frequentemente mulheres com os seus “sex toys”, mas muito raramente o fazem com homens e os seus “sex toys”… Mas vamos às boas notícias – os ventos de mudança estão no ar. E a soprar cada vez com mais força. As vendas dos “sex toys” masculinos vão de vento em popa. E porquê? Precisamente porque já existe uma enorme percentagem de homens que se libertaram das amarras desses estigmas sociais, estando cada vez mais seguros da sua masculinidade, independentemente da sua orientação sexual. E este número não pára de crescer de dia para dia. Até que enfim que a mensagem parece estar a passar. Tal como fazer uma manicure às unhas, estimulação da próstata NÃO é um sinal gay ! Tal como usar um brinco, usar um sex toy masculino NÃO é sinal de fraqueza sexual ! É sempre um prazer estar na vossa companhia. A todos um excelente verão que se avizinha com muito calor. Viva intensamente. Mas mais importante ainda  –  viva bem e seja feliz, .                                                                       Saudavelmente, .                                                                   de Corpo & Alma